O hábito de coçar os olhos por causa dos sintomas alérgicos pode levar ao ceratocone, doença ocular que causa aumento progressivo de grau e piora da visão
Tempo seco, clima frio e vento gelado. Quem mora em Brasília sabe que nesta época do ano os sintomas de alergias e rinites aumentam consideravelmente. É nariz escorrendo, irritação e lacrimejamento ocular e espirros constantes.
E todos esses incômodos levam a um hábito extremamente perigoso: coçar os olhos. De acordo com o oftalmologista Gustavo Serra, do Visão Hospital de Olhos, essa coceirinha, que parece inofensiva, é um dos fatores de risco mais importante para o ceratocone, uma doença que leva a graves alterações da córnea.
“Quando a pessoa esfrega ou aperta os olhos, a tendência é enfraquecer a córnea e afina-la, aumentando a curvatura e deixando-a em formato de cone. E isso provoca aumento progressivo do grau e piora rápida da visão, fazendo com que, em alguns casos, apenas o uso de óculos não seja mais suficiente”, explica o médico.
Geralmente, o ceratocone surge na infância, mas os sintomas começam a ser perceptíveis na adolescência, quando córnea ainda é maleável e, por isso, mais suscetível a alterações estimuladas pelo ato de coçar os olhos.
“Desta forma, os pais precisam ficar atentos às alergias, pois a tendência é que as crianças cocem mais os olhos, ocasionando os danos oculares. Outra questão é que, por também ser uma doença de causa genética, filhos de pessoas com ceratocone têm mais probabilidades de desenvolver o problema”, destaca o especialista.
Dr. Gustavo ressalta que o diagnóstico é feito em consultório, com ajuda de exames complementares. “Quando o paciente reclama do aumento rápido do grau e da troca frequente de óculos já é um sinal de alerta para o médico. Esse é o ponto de partida para realizar outros tipos de exames. Por isso, as consultas de rotina são de extrema importância, pois ajudam no diagnóstico precoce da doença”, enfatiza.
Existem diversos tratamentos para ceratocone, entretanto, diferentemente do que muitos pensam, óculos e lentes de contato não diminuem a progressão da doença. “Os tratamentos evoluíram bastante e hoje temos muitas alternativas – crosslinking e anel corneano – além do transplante de córnea para os casos mais graves”, conclui o oftalmologista”, conclui o oftalmologista.
