Oftalmologista reforça que o mau uso pode causar várias doenças, inclusive úlcera corneana
Os olhos são os órgãos externos mais frágeis do corpo humano. Por isso, exigem cuidados ainda mais minuciosos. Diante da fragilidade deles, muitos indivíduos não se aprofundam nos conhecimentos sobre o uso correto das lentes de contato – usadas por necessidade ou para fins estéticos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato e Refratometria, no Brasil, há 8,4 milhões de usuários de lentes de grau e 500 mil pessoas utilizam lentes coloridas.
O oftalmologista do Visão Institutos Oftalmológicos, Samuel Duarte, explica que as lentes de contato são feitas de materiais confortáveis, eficientes e com baixo risco de complicações, além de um ótimo recurso da vida moderna. Mas ressalta que é indispensável o acompanhamento médico para evitar danos à saúde ocular. “O médico deve avaliar cada paciente para analisar os dados colhidos na consulta, exames clínicos e complementares, se o paciente é candidato ao uso de lentes. Além disso, é realizado testes de adaptação delas, para verificar o ajuste do olho, o conforto e a qualidade da visão”, pontua.
Junto ao acompanhamento oftalmológico é necessário que o usuário tenha cuidados específicos para evitar problemas oculares. “Precisamos lembrar que elas estão em contato direto com os olhos e alguns procedimentos são essenciais: higiene das mãos, dos olhos – principalmente antes de manuseá-las –, limpeza das lentes com as soluções limpadoras adequadas e lubrificação dos olhos com colírios prescritos pelo oftalmologista, são importantes para evitar complicações. Além disso, é imprescindível observar o comportamento dos olhos com o uso. Caso seja notado qualquer irritação, um médico deve ser procurado imediatamente”, alerta.
Quando Nathalya de Sousa iniciou o uso das lentes, não seguiu as recomendações médicas e desenvolveu a ceratite – inflamação da córnea. “Não me preocupava com as recomendações médicas. Ficava muitos dias sem tirá-las, inclusive ao dormir, e não tinha os cuidados necessários, como a limpeza das lentes”, explica a estudante de direito.
Depois de um tempo, Nathalya sentiu desconfortos, suspendeu o uso das lentes e voltou ao médico. “Meus olhos ficaram vermelhos, doloridos e lacrimejavam muito. Além disso, tinha mais dificuldades para enxergar e parecia que os olhos estavam cheios de areia. Voltei ao meu oftalmologista, ouvi uma bronca merecida e retomei o uso. Desta vez, de forma correta e nunca mais tive problemas”, finaliza.
Doutor Samuel Duarte explica que as complicações mais comuns são conjuntivite, úlcera de córnea, edema e hipóxia de córnea, ceratites, perda da sensibilidade corneana, neovascularização da córnea e opacidade corneana. “Algumas dessas doenças são causadas, principalmente, quando a manipulação das lentes de contato é realizada da maneira inadequada e pela falta de lubrificação ocular”.
ATENÇÃO COM A MAQUIAGEM
O especialista ainda esclarece que o uso de maquiagem concomitante ao uso de lentes de contato deve ser tratado com atenção pela usuária, pois a maquiagem tem o potencial de ser agressora. Isto porque depósitos da maquiagem podem ficar entre as lentes de contato e a estrutura ocular, causando arranhões. Além disso, o médico explica que são frequentes as alergias oculares associadas às maquiagens, o que também interfere no uso das lentes de contato. “No uso combinado de ambas é necessário lubrificar os olhos com colírios de lágrima artificial, remover a maquiagem com demaquilantes adequados e higienizar as lentes após uso”, finaliza.
DICAS AOS USUÁRIOS
·Não faça o uso das lentes de contato se o olho estiver com qualquer tipo de irritação; Procure o oftalmologista!
·Limpe o estojo das lentes pelo menos uma vez por semana;
·Cuide sempre da higiene das mãos e dos olhos, principalmente quando manusear as lentes;
·Faça a limpeza das lentes com as soluções adequadas;
·Lubrifique os olhos com colírios receitados pelo seu oftalmologista;
·Evite sempre dormir com as lentes
·Não deixe que as lentes entrem em contato com água do chuveiro, piscina, mar, rios e lagos;
·Troque os estojos periodicamente (no máximo a cada seis meses).